- Elias Torralbo
O OBREIRO CRISTÃO COMO LÍDER NA FAMÍLIA
Por uma liderança influenciadora
É significativo que boa parte das condições explicitadas por Paulo
àqueles que são chamados ao ministério, e estão por ingressar nele, é de
ordem relacional, com íntima relação com o ambiente familiar (I Tm 3.1-13).
Nesse caso, qual deve ser o maior papel de um obreiro em seu convívio
familiar?
Essa é uma pergunta de resposta ampla e abrangente, razão pela qual
delimitaremos nossa reflexão em torno do papel do obreiro cristão diante de
sua família como responsável por conduzi-la a cumprir sua função.
Inicialmente, é preciso ressaltar que o maior inimigo da verdadeira missão é
as falsas missões, pois roubam condições indispensáveis para o sucesso de
qualquer empreendimento, tais como energia, disposição e foco daqueles
que com elas se envolvem. O obreiro cristão que deseja ser bem sucedido
em seu ministério, deve ter clareza quanto aos perigos existentes no
envolvimento com as falsas missões, inclusive, em seu papel como líder de
sua família, mas isso depende de fatores como: 1) conhecimento de sua
função familiar; 2) condições e preparo para que essa função seja cumprida
com excelência e fidelidade.
O êxito do líder de uma família depende, incondicionalmente, do
quanto esse líder conhece sobre o propósito para o qual Deus a criou, pois
isso o ajudará em sua condução de maneira satisfatória, servindo também
como agente facilitador para que este propósito seja cumprido. Refletiremos
sobre como o obreiro cristão deve administrar sua família no sentido de leva-
la a cumprir seu papel e atender as expectativas, tanto de Deus como das
pessoas em relação a ela.
Indiscutivelmente, a família é fundamental - e até essencial – para as
principais áreas da vida, inclusive, para que a vida cristã seja bem vivida,
individualmente (na comunhão com Deus), coletivamente (na vida em
comunidade com a igreja) e ministerialmente (consciência do propósito de
cada integrante da família). No entanto, a família tem sofrido grandes e
terríveis ataques, que visam sobretudo o seu enfraquecimento, conforme
lemos nas palavras de Richard L. Mayhue 1 comenta:
Por várias décadas, alguns meios de informação vem alertando a
sociedade quanto ao declínio da família nuclear. Livros em
abundância registram a lenta extinção da força e dos valores
familiares na América. Hoje, à luz da cultura reinante, nenhum
cristão surpreende-se muito com o abandono sofrido pela herança
judaico-cristã. (MAYHUE, 2007, p. 166)
O principal responsável pelo enfraquecimento da família é, sem
dúvida, o afastamento dos princípios bíblicos, o que é algo grave, afinal, eles
são os marcos norteadores que regem, a forma de viver de acordo com os
padrões a serem seguidos, tanto na vida pessoal como na coletiva em
família, e que resultarão em furtos benéficos e duradouros (Sl 1.1-3). A
verdade é que somente um lar equilibrado pode desfrutar de uma plena e
verdadeira satisfação familiar, e este equilíbrio se manifesta em um ambiente
cuja característica principal é a unidade, mas fora da Palavra de Deus este
alvo jamais será alcançado, conforme lemos nas palavras do apóstolo Paulo:
E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas
enchei-vos do Espírito... As mulheres sejam submissas ao seu
próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da
mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este
mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a
Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu
marido. Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a
igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse,
tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra...
Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo... e vós,
pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e
na admoestação do Senhor. 2 (Efésios 5.18,22-26;6.1-4)
Sob uma perspectiva integral e não parcial, o apóstolo ressalta a
unidade como uma das principais evidências de uma vida cristã, e esta
unidade, de acordo com seus ensinamentos, deve se dar e ser vista em todas
as dimensões da vida, mui especialmente no convívio familiar.
Oconceito de Paulo fundamenta-se na necessidade que cada membro de uma
família tem de conhecer o seu devido papel, cumprindo-o de tal forma que
alcance êxito e seja capaz de – com humildade – reconhecer a função do
outro, celebrando, inclusive, quando esta for cumprida com excelência.
A humildade é a qualidade que permite o homem reconhecer seu
próprio limite de atuação, reconhecendo os valores e celebrando as
realizações da outra pessoa, Um lar com essa marca pode ter a certeza de
que alcançou um ambiente familiar ideal para se viver em paz e com
qualidade de vida.
Ambiente Familiar
Qualidade de vida é um dos objetivos mais perseguidos pelos seres
humanos. Todos desejam viver bem, com o mínimo de dignidade e paz. No
entanto, não são muitos os que alcançam esta tão desejada qualidade de
vida. Diante disso, devemos pontuar algumas perguntas importantes: O que
deve ser feito para que alcancemos qualidade de vida? Existem métodos
eficazes para que isso seja alcançado? O que a Bíblia nos ensina a respeito
disso?
De maneira direta, o ambiente onde vivemos é imprescindível para
que tenhamos qualidade de vida. Isso quer dizer que uma família viverá bem
quando houver um ambiente familiar que favoreça isso, isto é, não há
qualidade de vida sem que exista um ambiente que contribua nesse sentido.
Existem três pilares que são indispensáveis para que o Ambiente
Familiar tenha verdadeira qualidade, sendo elas: Deus, Casamento Sólido e
Ambiente Favorável. Deus deve ser a razão, a base e o objetivo de toda
família que almeja viver bem; um casamento sólido é fundamental para que a
harmonia seja a marca do lar, e isso só será possível por meio de uma vida
com Deus; e, finalmente, os integrantes de uma família devem ser
facilitadores – tornar as coisas menos pesadas e mais fáceis - nos
desafiadores relacionamentos que marcam o dia a dia de uma família.
O sucesso de uma família passa por esses três pilares, e depende de
um lar bem ajustado e ordenado.
Ordem no Lar
Deus é um Ser de ordem e honra aqueles que buscam viver com base
nela. A ordem não passou a existir com as leis que Deus entregou a Moisés
no Sinai, pelo contrário, ela pertence ao caráter de Deus. Por exemplo,
quando criou o homem e a mulher, Deus lhes deu um conjunto de princípios
que deveria ser observado e obedecido, reafirmando assim o caráter ordeiro
de Deus, que é revelado em Sua lei, isto é, tudo o que estiver pautado na
ordem reflete – ainda que de maneira limitada – o Ser de Deus.
Assim sendo, uma das formas pela qual uma família pode refletir o
caráter de Deus é por meio de uma dinâmica ordeira, que só pode existir em
um ambiente favorável, cujas características são: dignidade e santidade.
A primeira característica é a dignidade de um lar é evidenciada pelo
conhecimento e obediência aos padrões ordeiros e criativos estabelecidos
por Deus, e que possuem as seguintes marcas: amor, honestidade e
lealdade. A segunda característica de um ambiente favorável para uma vida
com qualidade em família é a santidade, que diz respeito não somente à
pureza, mas também à integridade, no sentido de entrega total, ou
envolvimento íntegro de cada membro da família.
Cabe aqui uma pergunta central: “Como uma família pode alcançar
este alvo tão sublime e desejado?”
A resposta é: Estabelecendo Prioridades.
O significado e implicações de “prioridade” é amplo e abrangente, mas
pode ser assim definido: “colocar em ordem de importância”. Numa
perspectiva bíblica, há muitos textos e exemplos que evocam a necessidade
de ter clareza quanto ao que é prioridade em uma família como condição
para uma vida saudável, o que demonstra a seriedade do assunto (Sl 90.12;
Ef 5.15,16).
Uma família que conhece o seu propósito e tem clareza do que
realmente é prioritário terá facilidade de identificar e eliminar os excessos,
bem como identificar e acrescentar aquilo que lhes falta, possibilitando assim
uma vida equilibrada e devidamente caminhando na direção para a qual foi
chamada. Essas prioridades são aquelas que a Palavra de Deus já
estabeleceu previamente que, quando valorizadas e praticadas, produzirão
um ambiente de pessoas piedosas, unidas e que vivem de maneira
harmoniosa.
A condição para que uma família alcance este ambiente ideal é,
indiscutivelmente, o desejo e a disposição de servir uns aos outros. Nesse
sentido, o obreiro cristão - como chefe de um lar – tem o dever de
conscientizar, potencializar e estimular os membros de sua família a
desenvolverem este sentimento e comprometimento. Fazendo assim, este
obreiro contribuirá para que, por meio de um lar bem ajustado, sirva de
modelo para seus liderados, o que refletirá também na comunidade não
cristã, atraindo-a a Cristo.
Portanto, o que se conclui é que todo obreiro cristão deve estar
empenhado em conduzir sua família ao conhecimento e cumprimento de seu
papel: 1) glorificar a Deus; 2) viver em harmonia; 3) refletir o caráter de Deus
às pessoas. Que o nosso Deus, pela ação do Espírito Santo capacite os
obreiros de Sua seara a viver isso de maneira satisfatória.
Referência Bibliográfica
1 HARVEY, D., Eu sou Chamado?; São José dos Campos: Editora Fiel, 2013
2 BÍBLIA Sagrada, Tradução João Ferreira de Almeida, Edição revista e corrigida, 4ed. Rio
de Janeiro. CPAD, 2018